Promover tecnologias inovadoras que agreguem valor aos produtos amazônicos na própria região é uma estratégia essencial para transformar a floresta em fonte de riqueza sustentável, garantindo sua preservação. Essa é a visão do engenheiro florestal Carlos Gabriel Koury, diretor de Inovação em Bioeconomia do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam).
“A maior parte do valor agregado do açaí, por exemplo, é gerada fora da Amazônia. Ficamos apenas com a commodity e os problemas associados”, afirmou Koury. Ele destacou que, no caso da castanha-do-Brasil, embora o Brasil lidere em volume de produção, o país representa apenas 5,71% do faturamento global relacionado à semente.
Para Koury, ciência e tecnologia são fundamentais para resgatar e expandir a relevância econômica de produtos amazônicos. “Perdemos a economia da borracha por falta de ciência e tecnologia. Não podemos repetir esse erro com outros produtos”, alertou.
Valorizar o Conhecimento Local e os Negócios Comunitários
Durante um seminário na 34ª Anprotec (Conferência da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), Koury reforçou que a conservação da floresta passa pela valorização do conhecimento local e pelo fortalecimento de ecossistemas que conectem tecnologia a negócios comunitários.
Exemplos bem-sucedidos incluem o Café Apuí e a Amazônia Agroflorestal. Enquanto o Café Apuí utiliza práticas agroflorestais orgânicas no cultivo, a Amazônia Agroflorestal processa e embala o produto, agregando valor e garantindo que ele chegue ao consumidor final pronto para venda. Esse modelo beneficia mais de 100 famílias parceiras e aumenta em até 3.000% a renda local, comparado à produção e venda in natura.
Inovação com Propósito
Sheila Pires, diretora de Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, também participou do evento, enfatizando que empresas inovadoras devem adotar uma agenda de impacto socioambiental positivo. “Empresas não devem focar apenas no sucesso econômico, mas em benefícios concretos para a sociedade e o meio ambiente. É animador ver que muitas incubadoras e parques tecnológicos já seguem essa direção”, afirmou.
A 34ª edição da Anprotec, realizada em São José dos Campos (SP), destacou a importância de iniciativas inovadoras alinhadas à sustentabilidade, reforçando o papel do Brasil como protagonista na bioeconomia e conservação da Amazônia.
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