Crise no Hospital 28 de Agosto em Manaus: superlotação, descaso e gestão ineficiente geram indignação

A crise no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, localizado em Manaus, alcançou proporções alarmantes. Na noite da última terça-feira (17/12), vídeos gravados por pacientes e acompanhantes revelaram cenas de superlotação, falta de atendimento médico e uma gestão caótica desde que a Organização Social (OS) Agir assumiu a administração da unidade.

Pacientes em estado crítico e profissionais despreparados

As imagens compartilhadas nas redes sociais mostram pacientes em estado grave sem atendimento, profissionais de saúde desorientados e filas intermináveis nos corredores do hospital. Um dos vídeos mais chocantes registra o momento em que uma mulher passa mal, sem receber o devido suporte. Uma enfermeira, visivelmente despreparada, não sabia como proceder, refletindo o cenário de desamparo e descaso que afeta o hospital.

Gestão desastrosa e redução de leitos

Desde que a OS Agir assumiu a administração, os problemas se agravaram. A ortopedista Carol Antony denunciou, em um vídeo publicado no dia 16 de dezembro, a redução drástica de leitos na ortopedia, que passou de mais de 100 para apenas 36. Segundo a médica, mais de 110 pacientes aguardam cirurgias ortopédicas sem qualquer previsão de atendimento.

“Estamos enviando pacientes para casa com curativos inadequados, sem nenhuma orientação médica. Isso é desumano”, afirmou Carol Antony.

Além disso, a nova gestão trouxe médicos de outros estados, que, segundo relatos, não estão familiarizados com os procedimentos e a estrutura local, contribuindo para o agravamento da crise.

Desabastecimento e salários atrasados

Outro ponto alarmante é o desabastecimento de insumos básicos e o atraso no pagamento dos salários de profissionais que já atuavam na unidade. Desde agosto, médicos não recebem seus honorários, mesmo após a OS Agir ter recebido um adiantamento de R$ 31 milhões do governo do estado.

A médica Carol Antony questionou a destinação dos recursos: “Esse valor poderia ter sido usado para pagar os médicos experientes que conhecem a realidade do hospital, mas foi destinado a uma gestão que não tem apresentado resultados”.

Cenário de desespero para pacientes e familiares

Para quem depende do atendimento no Hospital 28 de Agosto, o sentimento é de desespero. Faltam ortopedistas, medicamentos e infraestrutura básica. Nos corredores, pacientes esperam por horas ou dias sem qualquer previsão de atendimento.

A situação afeta também outras unidades da rede pública de saúde, como os hospitais Platão Araújo e João Lúcio, que já operam acima de sua capacidade e agora enfrentam uma sobrecarga de pacientes devido à precariedade no 28 de Agosto.

População exige transparência e soluções imediatas

Enquanto o governo do Amazonas tenta minimizar a gravidade da crise por meio de notas oficiais, a população clama por transparência e ações efetivas para reverter o quadro. O cenário atual expõe não apenas a fragilidade da gestão hospitalar, mas também a falta de diálogo entre governo, profissionais de saúde e a sociedade.